domingo, 27 de março de 2011

Cemsacional

Antes de ajeitar a bola para cobrar a falta, Rogério Ceni deu um beijo na redonda. Poderia incluir a história de Rogério no texto abaixo, mas preferi escrever um só para homenagear o maior ídolo da história do São Paulo Futebol Clube. De falta, o capitão do São Paulo marcou o seu 100º gol na carreira.

Um goleiro marcar 100 gols é algo equivalente a um atacante marcar 1.000 gols. Rogério Cemni, o goleiro artilheiro, já ganhou tudo que podia no São Paulo, virou ídolo e agora entra escreve um capítulo só dele na história do futebol como o primeiro goleiro a marcar 100 gols.

Os feitos de Rogério não se limitam aos gols. Ele é goleiro e foi importantíssimo na conquista dos últimos títulos da Libertadores e do Mundial do São Paulo. Rogério Ceni fechou o gol na final da Libertadores pegando até pênalti, que seria o empate do Atlético-PR, na final da Libertadores que terminou 4 a 0 para o tricolor. Ele também foi buscar uma bola lá onde a coruja dorme, na cobrança de falta de Steve Gerrard na final do Mundial de Clubes contra o Liverpool, que terminou 1 a 0 São Paulo, gol de Mineiro.

Maior ídolo da história do clube, Rogério Ceni é o único goleiro, além de artilheiro, que é o camisa 10 do time, a camisa dele é 01 só dar esse efeito ou causa uma certa impressão.

E o 100º gol de Rogério ainda teve um sabor especial. Nada melhor do que atingir uma marca histórica, justamente, em cima do maior rival, que é o Corinthians. E pra ficar mais saboroso ainda, a vitória do tricolor em cima do rival quebrou um tabu de 4 anos sem vencer o Corinthians (7 vitórias alvinegras e 4 empates). E ele não foi só decisivo por causa do gol. Rogério salvou o São Paulo com duas defesas, uma quando o jogo ainda estava 0 a 0, em finalização de Liédson e outra, evitando o gol de Jorge Henrique, que seria o empate de 1 a 1.

Parabéns Rogério Ceni pelo centésimo gol! E muito obrigado por você existir!

Passeio na Austrália

Uma das raras cenas boas de Vips, fraco filme de Wagner Moura que está estreando nos cinemas nessa semana, me fez lembrar de Sebastian Vettel. O personagem de Wagner Moura é apaixonado por aviões e pilotá-los é sua grande paixão. Em duas cenas, na primeira, enquanto lava a aeronave, ele conversa com o avião como se um entendesse e ouvisse o outro. Em outra cena, ele pede “por favor me ajude e decole!”.

Você conhece Kate? Já ouviu falar da irmã safada de Kate? E de Liz Voluptuosa? Não? Mas Sebastian Vettel sabe quem são e ele é apaixonado por elas. Kate, a irmã safada de Kate e Liz Voluptuosa são alguns dos nomes que o mais jovem campeão do mundo de Fórmula 1 dá aos seus carros. Típico de quem é apaixonado por carros, daqueles que conversam com o carro como se um entendesse e ouvisse o outro. Pilotar carros é a grande paixão de Vettel.

Assim que vi as duas cenas do filme, pensei que seria ótimo se Vettel ganhasse o GP da Austrália. Algo que não seria tão difícil, muito pelo contrário. O alemãozinho campeão do mundo passeou na pista de Melbourne e venceu com um pé nas costas sem ser importunado por ninguém.


Não consegui ver a corrida, o cansaço e o sono foram mais fortes e não esbocei reação quando a pálpebra caiu. Claro que uma das primeiras coisas que fiz quando acordei foi ligar a televisão para ver o jogo do Brasil e entrar na internet para ler o que aconteceu na Austrália. A primeira corrida do ano teve um inédito pódio do russo Vitaly Petrov, que terminou a prova em terceiro, atrás de Hamilton e, do vencedor, Vettel. O russo carregava um grande peso nas costas por ser a esperança da Renault em conseguir boas colocações, já que o polonês Robert Kubica sofreu um grave acidente no início do ano, ainda sem previsão de retorno para Fórmula 1. Pelo visto, Petrov conseguiu tirar isso de letra na primeira corrida do ano. Veremos como será o desempenho dele ao longo do campeonato.

Li também que, tirando o primeiro pódio de Petrov, outro que teve grande destaque foi o estreante mexicano Sérgio Pérez que fez uma corridaça com a Sauber, recebendo a bandeirada na sétima posição. Fernando Alonso ficou na frente de Felipe Massa, mas não conseguiu fazer nada com seu limitado carro. Rubens Barrichello teve um bom início, mas depois errou, bateu e abandonou a prova com problemas no câmbio. E Mark Webber, companheiro de Vettel na Red Bull, teve uma atuação apagadíssima, sem brios para lutar por posições.

Depois que a corrida terminou, os comissários da prova detectaram algumas irregularidades na asa traseira dos carros da Sauber e desclassificaram Pérez e Kamui Kobayashi, isto é, Massa herdou a sétima posição do estreante mexicano e do piloto japonês.

A Red Bull continua tendo o melhor carro do circo da F-1 e Vettel com o talento, ímpeto e paixão parece que será ainda mais imbatível nessa temporada rumo ao bicampeonato. Mais experiente, seguro, sem a pressão de querer ganhar um título, os erros tenderão a aparecer cada vez menos. Pelo que tudo indica, a disputa pelo vice-campeonato deverá ser quente. Mas é apenas a primeira prova da temporada, ainda tem muita gasolina pra queimar até o título ser resolvido.

sábado, 26 de março de 2011

Feliz ano velho

A quarta-feira de cinzas é cinza mesmo. A volta é sempre cinzenta. É o ouvido zunindo no silêncio. Você volta pra casa com sono, cansado, ou quando está de carona, dormindo, mas tem consciência de que amanhã é o primeiro dia do ano. E em Salvador isso vai ser referência, mas sem significar que antes do carnaval tudo é festa, tudo é uma maravilha. Tudo é divino maravilhoso pra turista.

Depois do carnaval, todas as conversas começam no réveillon, que é o marco zero do verão pra quem mora em Salvador. Daí, elas dão voltas e mais voltas e quando começa a chover vem o assunto trabalho. Nesse momento, você percebe que o baiano trabalha desde o primeiro dia útil do ano. Mas sem fugir do tema "conversa", é partir daí que conta-se tudo o que se passou no verão trabalhando até chegar no carnaval, que traz mais um monte de histórias na terra (emprestada) do Rei Momo. O início da conversa termina no "é (Ah,)ano novo" ou então quando a chuva fica fraca, mas o vento começa a soprar, aí o assunto “É outono em Salvador” domina a conversa. Por causa disso é que o ano do baiano começa depois do carnaval, as conversas são iniciadas com as experiências veranistas e profissionais que antecedem a Grande Festa (Guerra Mundial não é escrito assim nos livros de História? A maior malandragem do mundo é viver!).

Pois é, assim como reza a lenda de que na Bahia é festa o ano inteiro, pelo menos nesse mito de que quinta-feira pós-carnaval é 1º de janeiro no calendário baiano, vocês podem acreditar em partes ou até acreditar, desde que tenha sempre em mente que o baiano passa janeiro e fevereiro trabalhando e as "férias de janeiro" duram apenas de quinta-feira a quarta-feira de cinzas. Pra ficar mais fácil de gravar isso, é só não se esqueçer que domingo é dia 31.

E no primeiro treino oficial do ano, o menino Sebastian Vettel resolveu largar os bonecos e os carrinhos e, pisar fundo dentro daqueles carrões que você não ouve o barulho do motor e quando olha no velocímetro já passou dos 200Km/h, meter quase 1 segundo em todo mundo, sem dar vez pra alguém arrancar sua pole. O primeiro grid de largada do ano só é novo, porque Lewis Hamilton resolveu se meter no meio das Red Bulls, ficando com a 2ª posição, deixando Mark Webber, dono da casa, na 3ª colocação. O espanhol Fernando Alonso ficou a 200 milésimos atrás de Jenson Button, isto é, o espanhol tem muito leite pra tirar da pedra vermelha ao longo da temporada. Alonso larga em 5º. Feliz ano novo Fórmula 1!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Roncaram os motores

No primeiro treino, quase a vera do ano, lá no Brasil que deu certo... As Red Bulls travaram um duelo caseiro, até que Mark Webber arancou o empate de 2 a 2 na briga particular contra Sebastian Vettel, no apagar das luzes, fechando o primeiro treino do dia em 1º. Mas o pior vem agora, Fernando Alonso ficou em terceiro com mais de meio segundo atrás das Red Bulls, uma lesma.


Daqui a pouco tudo começa de novo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Vivo

Ok, eu sou são-paulino. O meu time está jogando contra o Paulista, pelo Paulistinha e eu deveria estar vendo. Mas logo em seguida ao gol de Dagoberto, que diminuiu o placar, 3 a 2 Paulista, abri a internet e vi: América do México faz o segundo e volta a ficar na frente do Fluminense. Tive que trocar de canal, pois não podia perder esse momento.

Não, eu não estava torcendo contra o Fluminense. Também não troquei o canal para ver o atual campeão brasileiro agonizando na Libertadores. Não sou desse tipo de gente que gosta de ver miséria alheia, a menos que seja o Corinthians dando seus últimos suspiros.

Quando comecei a ver o jogo, o placar marcava 2 a 1 América do México, mas o mais incrível foi ver a apatia dos jogadores. Faltavam um pouco mais de 15 minutos para o jogo terminar e os jogadores do Flu andavam desolados dentro do campo... Até que Deco cruzou e Araújo, de cabeça, empatou o jogo aos 34 minutos. O time carioca voltou a pegar fogo e acreditar que milagres podem acontecer mais de uma vez, assim como aconteceu em 2009 ao se salvar do rebaixamento na última rodada.

Deco é craque. Esteve muito tempo fora do time por problemas de contusão, mas ele fez parte daquele time do Barcelona, que ganhou a Champions League, em que muitos apontam como o responsável pelo marco zero até o time catalão chegar nessa fase atual maravilhosa. E o roteiro, digno de um filme de Alejandro Gonzávez Iñárritu em que os personagens sempre lutam contra a morte, fez o torcedor sofrer até os 42 minutos do segundo tempo. Deco recebe de Fred e encobre o goleiro do América do México.

Linda e emocionante festa. Torcedor chorando feito criança, outros se abraçando, alguns se esgoelando. Sim, o Fluminense vira o jogo faltando 3 minutos e mantém os aparelhos ligados. Sem diretor de futebol, sem gerente de futebol, sem treinador, mas vivo na Libertadores.

Agora, quem tem que dar a bola é o Santos. É outro time brasileiro que está respirando por aparelhos na Libertadores.

Ah, depois olhei o resultado... O São Paulo não conseguiu empatar. Terminou mesmo 3 a 2 para o Paulista.

domingo, 20 de março de 2011

Em busca do prazer

As pessoas buscam o prazer de diferentes formas. Elas escolhem a melhor que lhes convém e vão a luta.

David Luiz, zagueiro do Chelsea, que foi contratado recentemente, tem no futebol a sua fonte de prazer. No clássico de hoje contra o novo rico Manchester City, o zagueirão acabou com o jogo. Não deixou passar nada lá atrás, tirou tudo e ainda teve pulmão pra subir ao ataque e arranjar uma falta no lado esquerdo do campo, junto a linha lateral. Drogba cobrou a falta e David Luiz atingiu o ápice do prazer ao se antecipar da marcação e cabecear para o gol abrindo caminho para a importante vitória do seu time, aos 80 minutos de jogo. E para selar a vitória dos Blues, outro brasileiro também balançou as redes. O volante Ramires, que teve um início difícil no Chelsea, marcou o seu primeiro gol em Stamford Bridge diante da torcida do clube londrino.

Já quem procura o prazer em lutas de Vale Tudo tem que estar preparado pra bater e apanhar. No ano passado, Maurício Shogun Ruas atropelou Lyoto Machida e conquistou o cinturão. Ontem, Shogun fez o papel de trilho que a locomotiva Jon Jones passou. E além da luta, Shogun teve que passar o cinturão para Jon Jones se tornar o mais jovem campeão da categoria.

E quem não é jogador de futebol, nem lutador, encontra o prazer no romantismo da noite da maior lua de todos os tempos como a de sábado que ainda por cima estava linda.


Errata: Quem cobrou a falta na cabeça de David Luiz foi Lampard e não Drogba.

terça-feira, 15 de março de 2011

A bucha do trambulador

Li hoje no blog de Flávio Gomes, jornalista especializado em automobilismo, que no dia 15 de março de 1981, Ayrton Senna conquistava sua primeira vitória na Europa, com um F-Ford. A primeira vitória de muitas outras que vieram pela frente, dentre as quais renderam 3 títulos mundiais de Fórmula 1 para o brasileiro.

Não vou falar da carreira de Senna em geral, mas destaco uma vitória histórica e importante, o primeiro lugar no GP do Brasil de 91. Senna nunca havia vencido no Brasil, apesar de já ter dois títulos mundiais no currículo. Além disso, a equipe Williams dava sinais de evolução, que foi confirmada nos anos seguintes (92, 93, 94, 96 e 97) em que dominou o circo, sendo que os carros de 92 e 93 são considerados como de outro mundo.

Senna fez a pole, saiu em primeiro lugar, porém não teve vida fácil. O brasileiro teve Nigel Mansell, com uma Williams, aparecendo no retrovisor até a 60ª volta, quando o inglês rodou e abandonou a prova. A vantagem de Ayrton em relação ao novo segundo colocado Ricardo Patrese, que também pilotava uma Williams, era de 40 segundos. Mas 40 segundos é uma eternidade, não? Sim, é uma eternidade, mas não quando você começa a ter problemas no câmbio e vai vendo suas marchas quebrarem, entrando apenas a 6ª quando ainda faltam 7, intermináveis, voltas. A vantagem que antes era de 40s, caiu para 5s a 2 voltas do fim. E com requintes de crueldade, a chuva começou a cair, deixando a pista escorregadia. Com muito sangue, suor e lágrimas, Senna conseguiu manteve-se na primeira posição até receber a bandeira quadriculada. Essa é aquela famosa vitória que Senna quase não conseguiu erguer o troféu de tão exausto que estava quando terminou a corrida.

Lembrei dessa vitória de Ayrton, porque passei por algo parecido na última sexta-feira, em que tive que sair do Costa Azul para a Ladeira da Barra e de lá pro Aeroporto, pra depois voltar para a Pituba (que fica a poucos kilômetros do Costa Azul). Esse itinerário seria tranqüilo se todas as marchas estivessem engatando, porém nesse dia meu câmbio quebrou e só entrava a 5ª marcha. Na ida, tive que estacionar o carro, então embiquei-o na ladeira pra soltar o freio e deixar pegar embalo pra começar a acelerar. De lá até o Aeroporto foi tranqüilo, as 6h da manhã a avenida Paralela quase não tem trânsito, é linha reta até bater no Aeroporto. A volta foi que complicou, 7h da manhã a cidade já está em pé e engarrafada. Já é chato ficar só na 1ª e 2ª marchas por 20, 30 minutos, agora imagine ficar esse tempo só com a 5ª marcha, tendo que fazer o motor girar o suficiente para fazer o carro andar? Entrei no carro já com as pernas bambas, quando cheguei em casa mal podia senti-las, mas assim como Senna, também pude celebrar minha vitória.

Ah, o problema do câmbio do meu carro foi a bucha do trambulador. Mas já troquei.

sábado, 12 de março de 2011

Notícia voa?

Novos terremotos aconteceram em províncias do Japão, em zonas montanhosas disse agora a pouco na GloboNews. O que será que deve ter acontecido? Mestre Myagui pegou Daniel San pela mão e disse, vamos, vamos subir as montanhas e não discuta! Em cima deles, vem mestre Dohko com Shiryu, o cavaleiro de Dragão, que nem discute com o mestre depois de aprender a fazer uma cachoeira desaguar para cima.

Pois é, todo mundo já foi, todo mundo se salvou. Agora, Roberto Kovalic começa a repetir o que viu no Japão, simplesmente as mesmas coisas que disse no Bom Dia Brasil. Que eu vi ao chegar na mesa do café da manhã, depois do banho frio pra acordar e ir pra faculdade.

Durante o dia pensei no que escrever em relação ao carnaval. Quer dizer, achei que arrumaria tempo pra isso. Só que mais uma vez, além de pensar no texto, botei o cérebro pra funcionar... Já se passaram milhares de anos que o carnaval acabou, sendo que isso foi bem antes de começar a assistir o Bom dia Brasil e ver as imagens, quase inéditas na era da internet, do tsunami no Japão. Diante disso, vou escrever mesmo sobre o carnaval que acabou há 3 dias atrás?

No momento em que chego em casa, perto da 1hora da manhã, ligo a tv e vejo que o meu cérebro tinha razão. O tempo é cruel inclusive com a televisão.