Por Bolota da Bahia
*Texto que recebi por e-mail semana passada. O jogo foi dia 25/01.
Porra, véi... dia bonito da porra que fez domingo. Levantei cedo pra caralho. Quando abri o olho, tava batendo 11:30 no relógio. Dei uma espiada na broca da parede e vi o solzão virado no estopô. Balancei a nêga do meu lado e disse carinhosamente:
- Acorda, porra. Acorda nessa desgraça que a gente vai quebrar essa gelada na praia antes de ir pra Pituaço.
Como era um dia muito especial pra mim, resolvi levar a sacaneta pruma praia de bacana. Jardim de Alá. Ou como diz meu bróder Obama: "God´s Garden". Peguei meu ingresso, o dinheiro do buzú e me piquei com a neguinha. Normalmente eu escolho a barraca que eu vou ficar pela trilha musical. A que tiver tocando o som mais nigrinhagem, é a que eu fico. Fui passeando entre as barracas e comecei a ouvir um som que eu não escutava há uns 10 anos. Um repertório que ia do antigo Gera-Samba, passando por Neon do Samba, Pagolada, Feras Potentes e finalizando com o show do Kiribamba LIVE em Juiz de Fora (MG). Só os clássicos. "A capenguina, a capenguinha, a capenguinha, a capenguinha, a capenguinha, a capenguinha quer andar. A capenguinha quando não tá de muleta, ela pega no porrete pra poder se equilibrar...". Era esse o nível do som. Puro jazz. Bom pra caralhos. O nome da barraca era Ponto G. Pronto. Achei a porra do Ponto G. Pelo menos uma vez na minha vida eu achei essa porra. Com um nome desse, não tive dúvida. É aqui mermo. Pedi logo uma gelosa e uma dúzia de lambreta. O lugar era muito bacana. Várias gostosas. O único mal é que tinha muito pombo. Parecia o Barradão, a porra.
Tava tudo muito de fuder até a hora que encontrei Marquinho Sabonete. Sabonete é um torcedor do vice (Vitória ou na gíria Vicetória). Ele tem esse apelido porque, dizem as más línguas, quando ele serviu o exército, foi tomar banho, deixaram cair um sabonete e ele foi catar do chão. Depois desse incidente, o bicho ficou manco. Não sei porquê. O fato é que o sacana resolveu tirar sarro com a minha cara. Disse que eu não tinha estádio. Que tava a não sei quanto tempo sem ganhar porra nenhuma e todas aquelas merdas que a gente tá acostumado a ouvir dos vices. E pra fuder com tudo, ainda disse que a gente ia tomar pau do Ipitanga!! Aí eu pirei. Mandei ele repetir o que ele disse:
- Repita aí o que você falou, véi...
- O Jahia (Bahia na gíria...) vai tomar de 1 a zero do Ipitanga - o filadaputa repetiu.
- Repita aí de novo, véi...
- Tá surdo, porra?? o Jahia vai tomar gude preso do Ipitanga.
Rapaz... o sangue me subiu à cabeça. E a nega dizendo "calma, calma". O garçom dizendo "segura o gordo". E a baiana de acarajé dizendo "fudeu!!". E o pombo dizendo "gurururu, gurururu....". Aí eu explodi.
- Ó seu viado desgraçado filadaputa corno manco do cu brocado. O Bahia hoje vai meter de 4 que nem fizeram com você no quartel, sinhá nisgraça. Só vou apostado, miserável!!
- Bora!! Pra cada gol do Bahia, uma grade pra você. Pra cada gol do Ipitanga, uma grade pra mim.
Eu não sei se o sacana tava bebo ou maluco. Só sei que aceitei a porra da aposta doida do fornecedor de briôco. Saí virado na porra da praia. Já era dez pras três e eu ainda tinha que pegar a zorra do buzú pra Pituaço. As palavras de Sabonete ecoavam na minha cabeça... Mas o Bahêa não ia me decepcionar. Não dessa vez.
Cheguei lá no estádio e me arrepiei de ver a massa tricolor. Puta que pariu. Coisa linda demais. A cidade é nossa, galera. Agora temos 2 estádios!! Um numa ponta (a boa e velha Fonte Nova) e o outro na outra ponta da cidade. E que estádio. PituAÇO é lindo pra caralho. Me senti numa Copa do Mundo. Sem putaria nenhuma. Hino do Brasil, Placar eletrônico de última geração, helicóptero jogando pétalas brancas, vermelhas e azuis... um SHOW! Fui pegar logo meu copão de cerveja. Cerveja cara da porra!! 3 real lá dentro. E o balcão também era meio apertado, mas vamo nessa.
Começou o jogo. O Ipitanga na pressão e eu ouvindo a voz de Sabonete na minha cabeça... "O Jahia vai tomar cacete". Porra... será que vou ter que pagar engradado praquele viadinho?? Minha cerveja acabou. Mandei a nêga pegar outra pra mim. Foi ela subir a zorra da escada que eu só vi Élton matar a bola na coxa e meter um tirambaço pro fundo da rede!!
- GOOOOOOL DO BAHIA MINHA PORRAAAA!!!! AHAHAHAHA!!! UMA GRADE!!!! UMA GRADE!!!! UMA GRADE!!!!
Fiquei feliz pra caralho!!! Pena que a nêga não viu o gol... pena uma porra!!! Vai ver foi isso!!! Ela tava dando azar, a miserável. Ela voltou com um copão e fiquei vendo o jogo. O Bahia até que melhorou. Vai ver é viagem da minha cabeça. Deixa a nêga quieta curtindo o jogo do tricolaço. Só que aí o Ipitanga desceu num contra-ataque virado na porra. O sacana do atacante chutou a queima roupa e Marcelo espalmou. O cara chutou de novo e Marcelo defende novamente. Caralho! Que sufoco. E pra fuder com tudo, meu copo ficou vazio.
- Neguinha.... pega outra pra mim?
Quando eu peço assim cheio de carinho, num tem não certo... a nêga faz tudo que eu quero. Lá foi ela pegar outra cerva. Fiquei olhando ela subir pra pegar a cerveja. E não é que quando ela sumiu da multidão, Hélton Luiz recebe um passe da porra, sai picado, deixa dois zagueiros pra trás e BROCA!!!
- GOOOOOOOOOOLLLL DO BAHIA, PORRA!!!! DUAS GRADES!!! DUAS!!! DUAS GRADES!!! É grade pra caralho!!! Eu nem queria mais a cerveja que a nêga foi pegar. Fica lá, mizéra!!! Já tenho 2 grades!!! AHAHAHAHAHAHAH!!!
Mas aí ela voltou cheia de chamego. Me deu um beijo na boca, entregou meu copão e a gente ficou curtindo o intervalo juntinho. Feliz da vida. Aproveitei também o intervalo pra bater o mijão. Porra véi... banheiro de primeiro mundo. Mijar em mureta nunca mais. A porra limpinha, véi. Bonito pra caralho. Naquele dia eu tava achando tudo lindo! Até mictório. Nada de mijar na mureta, viu, porra??
Começa o segundo tempo. O Bahia só administrando. Naquele reme-reme. Naquele toquinho pra cá, toquinho pra lá. Deu uns 20 minutos e a nêga percebeu que meu copão tava vazio.
- Quer tomar, mais uma, preto?
- Porra, nêga... pegue lá pra mim, vá...
E lá foi ela. Com aquele bundão pra lá e pra cá. Eu fiquei lá olhando aquele bundão lindo subindo a escada. Hipnotizado. Aí ela sumiu. Quando voltei o olho pro campo, tava rolando um bafafá na área do Ipitanga, a bola sobra pra Hélton Luiz e.... saco!!! 3 grades de cerveja. Na moral... comecei a ficar com pena de Sabonete. Ô, meu Deus. O desgraçado vai ter que falar com a moça nos balcões BPN da Insinuante e pedir um empréstimo pra pagar minha aposta. Fale com a moça, filadaputa!! A nêga tava demorando dessa vez. Mal terminei de comemorar o terceiro, quando o pequeno Ananias broca mais um. Quatro. Quatro a zero, papá!!! Quatro grades de pura alegria!! Eu tinha cantado a pedra. Sabonete tomou no cu. Dessa vez não foi literalmente. Mas deve ter doído pra caralho do mesmo jeito. Neguinha chegou com a minha cerveja na hora de um pênalty do Ipitanga. Só que o dia era do Bahia. Pituaço era do Bahia. O sacana mandou a bola lá na casa da porra. Valeu a reza, maluco!! A torcida era só alegria: "Rubro-negro otário!! Enfie no cu seu aterro sanitário!!!". Era só o que se ouvia na saída do estádio: "Vamos torcer pro Bahia ser campeão, em Pituaçu meu Caldeirãoooo!!!". Caldeirão mermo. Aquela porra ferveu, véi. E se você não foi, vá!!! Porque é bom demais. E arranje um otário rubro-negro pra apostar umas grades. Eu já ganhei quatro, pai véi!!!
BORA BAHÊA, MINHA PORRAAAAAAAA!!!!
* E agora deixa eu ir comprar meu ingresso, hoje tem jogo do Bahia, depois de um testemunho desse fiquei arrepiado. Até a próxima!!