domingo, 31 de agosto de 2008

Saudade da Fonte

Na noite da última terça, eu voltava da faculdade. Lembrei que o Bahia estava jogando contra o América-RN e liguei o rádio do carro. Alguns segundos depois, Rogério Rios fez um golaço driblando o goleiro. Comemorei, era o segundo gol do Bahia, aos 27 do segundo tempo, o que praticamente selava a vitória. Mas após o momento de alegria, veio a saudade.
Aquele era o jogo que eu certamente estaria na Fonte Nova assistindo (sou são-paulino de coração, mas aqui eu gosto do Bahia). O roteiro já tinha virado costume. Encontrava com meus amigos (o motorista da vez pegaria todos em suas casas) e rumávamos para a Ladeira do Pepino. Lá tem um barzinho chamado Reduto Tricolor, e a Bohemia custa R$ 1,99 (a mais barata da cidade). O carro fica lá e, depois de 3 ou 4 cervejas, descemos a ladeira, praticamente em pé, atravessamos a rua e entramos na Fonte Nova. Depois dos 90 minutos e algumas latinhas antes e durante o jogo, subimos a ladeira e chegamos no topo já de cara. Mais umas 3 ou 4 Bohemias e depois casa.
Isso acontecia com frequência até o dia 25 de novembro de 2007, quando uma parte da arquibancada superior cedeu fazendo 7 vítimas fatais. A Fonte foi interditada e tudo indica que será implodida, o Bahia está mandando seus jogos em Feira de Santana e nós ficamos sem um dos melhores programas.
A Fonte não volta mais. Deixou a vida e entrou para a história, mas não por opção dela como fez Getúlio Vargas e sim por incompetência, negligência da administração do estádio. Traição maior? Só se for do cara que fez história na Fonte Nova em 1988, atendendo pela alcunha de Bobô que, como diretor da Sudesb (órgão do Estado responsável pela administração do estádio), deixou o maior palco do futebol baiano ficar em ruínas como o coliseu de Roma. Mas ao contrário de Roma, as ruínas são de tristeza, vergonha e saudade. Dá pena ver a Fonte silenciosa, abandonada e o buraco destapado.
*****
"Não sei se estou no caminho certo, só sei que estou no meu caminho!"
Raul Seixas, cantor

6 comentários:

Guiga disse...

Futebol não é minha praia, mas Rauzito :))))))))


Boa semana!!!

Renata Silva disse...

Só vc que me faz ler sobre futebol... juro!
Mas quem sabe um dia não volte?

Camilla disse...

Seu texto me lembrou da saudade que eu sinto da Vila Belmiro.

Beijos

Anônimo disse...

Estive uma vez na Fonte Nova,em 1977,quando tive a oportunidade de assistir a um jogão.
É uma pena que deixaram chegar a situação onde chegou.

Abração,Leandro

Vinicius Grissi disse...

E nos tempos de Lei Seca, alguém ia ter que abrir mão da Bohemia. Pobre motorista!

Anônimo disse...

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