terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O futebol na página policial

Como diz Zeca Pagodinho, camarão que dorme a onda leva. Pois é, a onda me levou. Não que eu estivesse dormindo, mas estive por um tempo na praia, em outro vendo a lua na esquina, tomando um chopp e na frente do supermix. Minha idéia na semana passada era falar um pouco das minhas expectativas no esporte em 2009, como as (ótimas) contratações do São Paulo, a possibilidade de grandes pegas na Fórmula 1 entre Alonso, Massa, Hamilton, Haikkonen e as BMW's.
Porém, a preguiça que bate quando se deita numa rede, ao ponto de nada passar pela minha cabeça, fez com que eu adiasse, adiasse, até explodir notícias de futebol nas páginas policiais de todos os jornais, revistas. As guerras nos grandes clássicos estaduais tomaram as manchetes de assalto, deixando a crise econômica, política, Big Brother Brasil e a preparação das musas para o carnaval de lado.
No Rio de Janeiro, São Paulo e Minas torcedores e policiais entraram em confronto. Em São Paulo, o Morumbi e arredores se transformaram em praça de guerra deixando muitos feridos, que nem no Rio no estádio do Maracanã. Já em Minas, foi mais violento, um torcedor foi assassinado no meio da confusão.
Episódios lamentáveis e justamente em plena preparação(?) para sediar a Copa de 2014. Esse é um grande problema do Brasil e ele não pode se visto apenas como um problema do futebol, pois já virou, há muito tempo, caso de polícia, que necessita de uma atuação em conjunta dessa última com a Justiça.
O despreparo da polícia é uma das causas, aliadas a lentidão e a falta de leis que punam os baderneiros. Enquanto que a solução passa longe da idéia de diminuir a carga de ingresso para a torcida rival. Os argentinos já tentaram fazer isso, mas não deu certo por lá. O que precisa ser feito é olhar para os torcedores brigões, baderneiros que só vão para o estádio para tumultuar, arranjar confusão, como sequestradores, assaltantes. Investigar as torcidas organizadas como se investiga uma quadrilha que assalta bancos, traficantes e mafiosos.
Claro que isso não é nada fácil, os ingleses penaram para controlar os hooligans e acabar com as guerras nos estádios, mas conseguiram. Hoje em dia os hooligans só arranjam confusões nos arredores dos estádios franceses, alemães, suiços, nos jogos da seleção inglesa. Mas nada de incidentes do tipo nos jogos na terra da rainha.
Corrigir esse problema da segurança nos estádios é de fundamental importância para quem quer sediar uma Copa do Mundo no mínimo decente. Mas tirar os torcedores dos estádios é tapar o sol com a peneira, pois a guerra vai continuar nas ruas das cidades. O torcedor do Atlético-MG foi morto no caminho do estádio e não dentro do Mineirão. Melhor tomar providências agora do que mobilizar o pessoal das relações exteriores com pedidos de desculpas para vários países que viram suas seleções em solo brasileiro em 2014.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sorrir e cantar como Bahia

Por Bolota da Bahia

*Texto que recebi por e-mail semana passada. O jogo foi dia 25/01.


Porra, véi... dia bonito da porra que fez domingo. Levantei cedo pra caralho. Quando abri o olho, tava batendo 11:30 no relógio. Dei uma espiada na broca da parede e vi o solzão virado no estopô. Balancei a nêga do meu lado e disse carinhosamente:

- Acorda, porra. Acorda nessa desgraça que a gente vai quebrar essa gelada na praia antes de ir pra Pituaço.

Como era um dia muito especial pra mim, resolvi levar a sacaneta pruma praia de bacana. Jardim de Alá. Ou como diz meu bróder Obama: "God´s Garden". Peguei meu ingresso, o dinheiro do buzú e me piquei com a neguinha. Normalmente eu escolho a barraca que eu vou ficar pela trilha musical. A que tiver tocando o som mais nigrinhagem, é a que eu fico. Fui passeando entre as barracas e comecei a ouvir um som que eu não escutava há uns 10 anos. Um repertório que ia do antigo Gera-Samba, passando por Neon do Samba, Pagolada, Feras Potentes e finalizando com o show do Kiribamba LIVE em Juiz de Fora (MG). Só os clássicos. "A capenguina, a capenguinha, a capenguinha, a capenguinha, a capenguinha, a capenguinha quer andar. A capenguinha quando não tá de muleta, ela pega no porrete pra poder se equilibrar...". Era esse o nível do som. Puro jazz. Bom pra caralhos. O nome da barraca era Ponto G. Pronto. Achei a porra do Ponto G. Pelo menos uma vez na minha vida eu achei essa porra. Com um nome desse, não tive dúvida. É aqui mermo. Pedi logo uma gelosa e uma dúzia de lambreta. O lugar era muito bacana. Várias gostosas. O único mal é que tinha muito pombo. Parecia o Barradão, a porra.

Tava tudo muito de fuder até a hora que encontrei Marquinho Sabonete. Sabonete é um torcedor do vice (Vitória ou na gíria Vicetória). Ele tem esse apelido porque, dizem as más línguas, quando ele serviu o exército, foi tomar banho, deixaram cair um sabonete e ele foi catar do chão. Depois desse incidente, o bicho ficou manco. Não sei porquê. O fato é que o sacana resolveu tirar sarro com a minha cara. Disse que eu não tinha estádio. Que tava a não sei quanto tempo sem ganhar porra nenhuma e todas aquelas merdas que a gente tá acostumado a ouvir dos vices. E pra fuder com tudo, ainda disse que a gente ia tomar pau do Ipitanga!! Aí eu pirei. Mandei ele repetir o que ele disse:

- Repita aí o que você falou, véi...

- O Jahia (Bahia na gíria...) vai tomar de 1 a zero do Ipitanga - o filadaputa repetiu.

- Repita aí de novo, véi...

- Tá surdo, porra?? o Jahia vai tomar gude preso do Ipitanga.

Rapaz... o sangue me subiu à cabeça. E a nega dizendo "calma, calma". O garçom dizendo "segura o gordo". E a baiana de acarajé dizendo "fudeu!!". E o pombo dizendo "gurururu, gurururu....". Aí eu explodi.

- Ó seu viado desgraçado filadaputa corno manco do cu brocado. O Bahia hoje vai meter de 4 que nem fizeram com você no quartel, sinhá nisgraça. Só vou apostado, miserável!!

- Bora!! Pra cada gol do Bahia, uma grade pra você. Pra cada gol do Ipitanga, uma grade pra mim.

Eu não sei se o sacana tava bebo ou maluco. Só sei que aceitei a porra da aposta doida do fornecedor de briôco. Saí virado na porra da praia. Já era dez pras três e eu ainda tinha que pegar a zorra do buzú pra Pituaço. As palavras de Sabonete ecoavam na minha cabeça... Mas o Bahêa não ia me decepcionar. Não dessa vez.

Cheguei lá no estádio e me arrepiei de ver a massa tricolor. Puta que pariu. Coisa linda demais. A cidade é nossa, galera. Agora temos 2 estádios!! Um numa ponta (a boa e velha Fonte Nova) e o outro na outra ponta da cidade. E que estádio. PituAÇO é lindo pra caralho. Me senti numa Copa do Mundo. Sem putaria nenhuma. Hino do Brasil, Placar eletrônico de última geração, helicóptero jogando pétalas brancas, vermelhas e azuis... um SHOW! Fui pegar logo meu copão de cerveja. Cerveja cara da porra!! 3 real lá dentro. E o balcão também era meio apertado, mas vamo nessa.

Começou o jogo. O Ipitanga na pressão e eu ouvindo a voz de Sabonete na minha cabeça... "O Jahia vai tomar cacete". Porra... será que vou ter que pagar engradado praquele viadinho?? Minha cerveja acabou. Mandei a nêga pegar outra pra mim. Foi ela subir a zorra da escada que eu só vi Élton matar a bola na coxa e meter um tirambaço pro fundo da rede!!

- GOOOOOOL DO BAHIA MINHA PORRAAAA!!!! AHAHAHAHA!!! UMA GRADE!!!! UMA GRADE!!!! UMA GRADE!!!!

Fiquei feliz pra caralho!!! Pena que a nêga não viu o gol... pena uma porra!!! Vai ver foi isso!!! Ela tava dando azar, a miserável. Ela voltou com um copão e fiquei vendo o jogo. O Bahia até que melhorou. Vai ver é viagem da minha cabeça. Deixa a nêga quieta curtindo o jogo do tricolaço. Só que aí o Ipitanga desceu num contra-ataque virado na porra. O sacana do atacante chutou a queima roupa e Marcelo espalmou. O cara chutou de novo e Marcelo defende novamente. Caralho! Que sufoco. E pra fuder com tudo, meu copo ficou vazio.

- Neguinha.... pega outra pra mim?

Quando eu peço assim cheio de carinho, num tem não certo... a nêga faz tudo que eu quero. Lá foi ela pegar outra cerva. Fiquei olhando ela subir pra pegar a cerveja. E não é que quando ela sumiu da multidão, Hélton Luiz recebe um passe da porra, sai picado, deixa dois zagueiros pra trás e BROCA!!!

- GOOOOOOOOOOLLLL DO BAHIA, PORRA!!!! DUAS GRADES!!! DUAS!!! DUAS GRADES!!! É grade pra caralho!!! Eu nem queria mais a cerveja que a nêga foi pegar. Fica lá, mizéra!!! Já tenho 2 grades!!! AHAHAHAHAHAHAH!!!

Mas aí ela voltou cheia de chamego. Me deu um beijo na boca, entregou meu copão e a gente ficou curtindo o intervalo juntinho. Feliz da vida. Aproveitei também o intervalo pra bater o mijão. Porra véi... banheiro de primeiro mundo. Mijar em mureta nunca mais. A porra limpinha, véi. Bonito pra caralho. Naquele dia eu tava achando tudo lindo! Até mictório. Nada de mijar na mureta, viu, porra??

Começa o segundo tempo. O Bahia só administrando. Naquele reme-reme. Naquele toquinho pra cá, toquinho pra lá. Deu uns 20 minutos e a nêga percebeu que meu copão tava vazio.

- Quer tomar, mais uma, preto?

- Porra, nêga... pegue lá pra mim, vá...

E lá foi ela. Com aquele bundão pra lá e pra cá. Eu fiquei lá olhando aquele bundão lindo subindo a escada. Hipnotizado. Aí ela sumiu. Quando voltei o olho pro campo, tava rolando um bafafá na área do Ipitanga, a bola sobra pra Hélton Luiz e.... saco!!! 3 grades de cerveja. Na moral... comecei a ficar com pena de Sabonete. Ô, meu Deus. O desgraçado vai ter que falar com a moça nos balcões BPN da Insinuante e pedir um empréstimo pra pagar minha aposta. Fale com a moça, filadaputa!! A nêga tava demorando dessa vez. Mal terminei de comemorar o terceiro, quando o pequeno Ananias broca mais um. Quatro. Quatro a zero, papá!!! Quatro grades de pura alegria!! Eu tinha cantado a pedra. Sabonete tomou no cu. Dessa vez não foi literalmente. Mas deve ter doído pra caralho do mesmo jeito. Neguinha chegou com a minha cerveja na hora de um pênalty do Ipitanga. Só que o dia era do Bahia. Pituaço era do Bahia. O sacana mandou a bola lá na casa da porra. Valeu a reza, maluco!! A torcida era só alegria: "Rubro-negro otário!! Enfie no cu seu aterro sanitário!!!". Era só o que se ouvia na saída do estádio: "Vamos torcer pro Bahia ser campeão, em Pituaçu meu Caldeirãoooo!!!". Caldeirão mermo. Aquela porra ferveu, véi. E se você não foi, vá!!! Porque é bom demais. E arranje um otário rubro-negro pra apostar umas grades. Eu já ganhei quatro, pai véi!!!


BORA BAHÊA, MINHA PORRAAAAAAAA!!!!


* E agora deixa eu ir comprar meu ingresso, hoje tem jogo do Bahia, depois de um testemunho desse fiquei arrepiado. Até a próxima!!