sábado, 16 de agosto de 2008

Olimpíada 2: As caras do Brasil

César Cielo Filho é o retrato mais fidedigno do Brasil. Cielo se tornou o nadador mais rápido do mundo ao conquistar a medalha de ouro do 50m livre, a prova mais rápida da natação, na qual o atleta tem que prender a respiração por um pouco mais de 21 segundos, porque qualquer levantada de cabeça para puxar o oxigênio é garantia de um 8º lugar.
A educação no Brasil é deficiente, aliás é uma piada, sejamos claros e honestos. Os pais que tem dinheiro para pagar a educação de seus filhos que o faça. É um investimento importante e que dará retorno. É importante também pagar um curso de inglês, espanhol e matricular numa escolinha de esporte (futebol, natação, basquete, vôlei...). Um país não se desenvolve sem pessoas de bom nível educacional, sem formação acadêmica, pós-graduações, mestrado, doutorado. Se você tem dinheiro para matricular seu filho em tudo isso, faça, pois o seu país não fará isso por ele. No futuro você verá o resultado do seu investimento, através do brilho do seu filho na carreira que ele escolheu.
Foi exatamente isso que Cesinha fez com o seu filho Cesão. Ele investiu no filho e ontem (estou no Brasil!!) recebeu os dividendos maiores do que qualquer ação da Petrobrás ou da Vale do Rio Doce. Cesinha viu o seu filho se tornar o nadador mais rápido do mundo. Como não existe incentivo do governo brasileiro, do COB e da Confederação Brasileira de Natação e os patrocinadores só aparecem depois dos resultados, Cesinha vestiu a camisa de paitrocinador e bancou o filho nos EUA. Lá Cesão pôde desenvolver seu potencial, lapidar o seu talento e depois ir para Pequim para ser o nadador mais rápido da Olimpíada.
Ao contrário da família Cielo, a família do judoca Eduardo Santos não teve e não tem recursos financeiros para bancar o filho. O atleta bancado pelo país, não conseguiu fazer milagres e voltou de Pequim sem nenhuma medalha. Enquanto que Cielo Filho estudou nos melhores colégios particulares do Brasil, Eduardo foi matriculado numa escola pública. Com boa formação, Cielo brilhou em Pequim e voltará com duas medalhas na mala. Já Eduardo voltará apenas com o surrado quimono na mala.
As olimpíadas são o retrato dos países e os dois Brasis mostraram a sua cara. O Brasil carente, que é o mais populoso, foi para Pequim e voltou sem nada. Já o Brasil da classe média, que é a minoria, conseguiu o ouro. Na educação acontece a mesma coisa. Esse é o Brasil mostrado para o mundo nos rostos sofridos e suados de César Cielo Filho e Eduardo Santos.

8 comentários:

Menina Nina disse...

Essa é "apenas" mais uma grande falha no nosso Brasil. A história desse judoca é comovente e é muito triste vê-lo voltar sem medalhas...

Camilla disse...

Vibrei muito com o Cielo na natação ontem...

E é um absurdo como só se investe no futebol...é uma pena!!

Beijos

Beti Timm disse...

Leandro,
esse Brasil de disparidades, de uns com muitos outros sem nada, me deixa triste, mas por outro lado, me enfeito de esperanças quando alguém como vc aborda esse assunto. Parabéns! Beijos iguais

Vinicius Grissi disse...

Interessante a comparação feita. Concordo em termos. Alguns países mais pobres que o Brasil tem ganhado mais medalhas, com pessoas de menos ou nenhuma instrução. Falta é investimento no esporte por aqui. Com urgência.

Anônimo disse...

Muito bom o texto,Leandro. Vc fez muito bem as comparações. Infelizmente é a mais pura realidade do nosso país. Quem pode,pode. Quem não pode...

E só pra exemplificar ainda mais o texto: lembremos que o judoca ficou dez anos sem poder passar da faixa marrom para a preta,por não ter a grana para o exame de faixa.

Este é o nosso país.

Abraços!!

BlogSport disse...

Obrigada pela visita em meu blog!
E vc disse tudo! A vitória do Cielo é mérito de um "paitrocínio" que raros atletas tem. Só que isso deveria vir das confederações...mas né...
O Brasil está fazendo uma participação pífica por falta de investimento!!!

Abraços

BlogSport disse...

opss Pífia rs!

Anônimo disse...

Temos grandes campeões saídos do povão.