terça-feira, 7 de outubro de 2008

Ouvindo 1 som

Por menos que a pessoa represente pra você ou que mal tenha conhecido-a, visto apenas uma única vez na vida, é impossível não ser contaminado pela emoção no enterro dela.
Hoje fui pro enterro da mulher de um primo meu. Ele é daqueles parentes que só encontramos uma vez por ano que é no natal (no caso dele duas vezes, porque sempre o encontro no carnaval e nós dois vestidos de filhos de Gandhy). Então, não lembro nem do rosto da mulher dele, mas devo ter conhecido-a.
Fui para o enterro sem grandes preocupações, mas a atmosfera carregada de tristeza, sempre me deixa abatido. Como ainda não vi nenhum pessoa querida morrer, sempre vou para os enterros por causa dos que ficaram.
Quando ouvi essa música, Gravedigger de Dave Matthews, achei bonita. Em seguida, procurei e prestei atenção na letra e aí me arrepiei. E depois que vi esse clipe, me arrepiei mais ainda.
O refrão é o cara pedindo para o coveiro fazer a cova dele rasa, para que ele possa sentir a chuva. A música conta a história de 3 pessoas.
Primeiro é Cyrus Jones que promete para os netos que viverá 103 anos. De fato, Cyrus morre com a idade prometida. E 103 anos é como se fosse viver para sempre na visão de uma criança, então ele viveu para sempre. Até aí tudo bem.
Na segunda história é que começo a me arrepiar e viajar na letra. Muriel Stonewall perde seus dois filhos na Segunda Guerra Mundial. Uma cena que ninguém deveria ver é uma mãe enterrando seus filhos.
Já a terceira fiquei arrepiado quando assisti o clipe. O pequeno Mike Carson vivia pra cima e pra baixo andando na sua bicicleta até morrer aos 8 anos de idade. Quando crescesse, Mike queria voar nos trapézios.
Essa música foi a trilha sonora do meu dia. Começou tranquilo, apenas lamentando a morte de alguém, como a música começa com a história de Cyrus Jones. Depois senti o ar pesado de várias pessoas chorando e no final fiquei abatido ao dar um abraço no meu primo. Nessas horas, não sei o que dizer, apenas abraço em silêncio. A morte dela foi cruel. Morreu de câncer, sofrendo até o estágio fatal e os últimos momentos sob o efeito de morfina.
Graças a Deus ainda não perdi nenhuma pessoa querida para ir para o enterro em memória do morto. Por enquanto só fui apenas por causa dos ficaram aqui. Devemos levar os mortos na memória e cuidar dos vivos, que é o mais importante. A única certeza que temos na vida é de um dia vamos todos morrer. Por isso a vida não pode parar para os que ficaram aqui, mas coveiro faça a minha cova rasa para que eu possa sentir a chuva.

P.S: Quando postei o vídeo do Youtube, ele não abriu. Então coloquei o link dele dentro do texto, basta apenas clicar em cima do nome da música e clicando em "letra" vai para a letra da música, porque o texto ficou grande e o post ficaria imenso se ainda botasse a letra toda.

12 comentários:

Bem Resolvida disse...

ih menino. comecei a perder as pessoas cedo. meu avo aos 9, meu pai aos 11, minha avó, tios, tias, minha prima linda que só via nos reveillons, amigos queridos...
antes de ser mãe eu não temia a morte mas hoje eu sofro só de imaginar que um dia não poderei tocar a pele da minha filha, mas espero poder acompanha-la e depois me deliciar novamente com sua presença em espírito.

Fernanda Magalhães disse...

Belo texto...Eu sou super grilada com essa lombra de morte, se vc parar pra pensar é meio louco, a pessoa ta ai viva cheia de sonhos e planos e de repente é enterropida...Questiono sobre o livre-arbitrio onde fica nisso tudo...Sua conhecida morreu sofrendo de uma doênça que até o nome é feio, ela nao teve escolha nem de escolher do q queria morrer, já q a morte é uma lei, todos vamos morrer mais deverias ter pelo menos a liberdade de escolher como morrer...Ahh! Liga pra minha insanidade nao, foi só um desabafo.

Beijos no coração ;*********

A Pimentiinha disse...

bem, eu tenho uma relação bastante conturbada com a Dona morte...
Ela levou a maioria das pessoas que amo... Meus avós (todos...) meus tios maternos(só resta 5 de 11) alguns paternos... 2 ex namorados... e meu melhor amigo... aí foi o tiro de misericórdia... fiquei em depressão profunda e tive crises violentas de sindrome do pânico...
infelizmente ainda não estou 100% com ela (a D. Morte), mais aprendi a lidar melhor... A entender algumas coisas...A aceitar outras... ela me calejou bastante para eu poder aprender que nada é para sempre...

=(

liinda a música... me emocionei assim, de leve... porque as imagens são emocionantes, e as historias realmente lindas!!!


beeijOOOOOO

Criisss

Anônimo disse...

Realmente é uma situação muito forte e desagradável,Leandro.Nas ultimas vezes tenho feito tbem o que vc disse: abraço forte a pessoa em silencio. Não há palavras que possam expressar nada nestas horas.
Tentei abrir a musica no youtube,mas não abriu. Fiquei curioso.

Abraços!

Camila disse...

Que texto! Simples mas com emoção.
Odeio enterros... esse clima funebre me assusta muito.
Beijos

Guiga disse...

Morte é um assunto que sempre me deixa muito triste, viu!!!

Vc me acha engrçada? jura né! na real a minha vida é uma eterna piada..fazer o quê haha

bjão

Vinicius Grissi disse...

Fantástica música. Não conhecia. A tradução realmente é impressionante.

Fabi disse...

Eu confesso q não sei como vou ver esse assunto de morte pq nunca perdi alguém próximo e mesmo sabendo que um dia todos vamos morrer só de pensar no assunto me apavoro.

Agora vou lá conhecer a música, pq pelo q vc escreveu ela deve ser linda...

beijos

Fernanda Magalhães disse...

Le!! em presente pra vc no meu blog, corre!!

Beijos!

Inside Me disse...

queridoooooooooooooo, primeiro: adorei o post: "a vida é uma ilusão, a morte sim é uma certeza" lembrei dessa frase, e o cara pedindo uma cova rasa pra sentir a chuva, huahuahauhau se tá morto num vai sentir =p mas entendi q metáfora ;] e segundo pode linkar sim, oras, será um prazer (eu vo retribuir), bjs meus

M. disse...

Eu também nunca perdi ninguém próximo. Não gosto nem de pensar sobre o assunto...
O único enterro que fui foi por causa "dos que ficaram" e mesmo assim é difícil segurar a emoção..

beijos

Unknown disse...

Então,
por isso eu digo,vamos aproveitar a vida como se não houvesse o amanhã...vamos amar como se não houvesse o amanhã....

O último enterro que fui,em pleno top de depressão,foi no enterro do meu pai a menos de 1 ano.E estou me recuperando agora de toda a triteza.

hhhmmmmm

beijinhos