terça-feira, 8 de abril de 2008

Mudanças na terra da Rainha

Há 5 anos atrás, quando eu fazia faculdade, a professora, de uma matéria que eu não lembro mais, pediu para todo mundo fazer uma resenha sobre um texto que falava dos modelos industriais, o Fordismo, o Toyotismo e o Volvismo. O texto explicava cada um dos modelos e mostrava a diferença entre eles atrás da evolução da indústria.
Resumindo, na resenha ilustrei a explicação dos modelos com o futebol, escrevi que o Fordismo por ser um modelo burocrático e repetitivo (aqueles filmes do Charles Chaplin saindo da fábrica apertando porcas imagináveis, movimento que ele fazia o durante a jornada inteira de trabalho) era o futebol inglês que era puramente tático e bicuda pra cima, que o Toyotismo, modelo um pouco burocrático, mas que seus empregados tinha um pouco de liberdade dentro do grupo, era o futebol espanhol, por ser tático, mas que dava liberdade para os jogadores mais habilidosos, e por fim, o Volvismo que era o modelo que os empregados tinham mais liberdade para tomar as decisões e fazer os reparos antes que o produto chegasse na fase final de produção, era o futebol brasileiro, que é um pouco tático, mas que é sempre decidido na criatividade de seus jogadores.
Se eu fosse utilizar esse texto hoje, teria que fazer modificações nele, mais especificamente no que diz respeito ao futebol inglês. O futebol jogado na Inglaterra não é mais puramente tático e você não vê mais os jogadores dando chutão pro alto. O Campeonato inglês atualmente é o mais bonito de se ver. As jogadas são feitas com a bola no chão, os jogadores são habilidosos e criativos. Por exemplo, o Manchester United é o time que joga mais bonito no mundo na atualidade.
Os times ingleses também estão mandando no futebol europeu e dois times, Chelsea e Liverpool, farão uma das semifinais da Liga dos Campeões da Europa, o maior torneio entre times do velho continente. Amanhã o Manchester Utd também poderá carimbar sua classificação para a semifinal, pode até perder da Roma por 1 a 0 em pleno Old Trafford que garantirá sua vaga.
Se por um lado o Campeonato inglês é um colírio para quem gosta de futebol, a seleção inglesa, apelidada de English Team, não conseguiu nem se classificar para a Eurocopa que será disputada nesse ano. A seleção não está jogando nada e o motivo disso são os estrangeiros. Hoje Flávio Gomes, no Bate-Bola 1ª edição, atentou para o fato da quantidade de estrangeiros no clássico de hoje entre Liverpool e Arsenal. No lado dos Reds, tinha apenas Gerrard e Carragher de inglês no time titular, enquanto que o Arsenal não tinha nenhum inglês entre os titulares.
De 2003 pra cá, os estrangeiros invadiram em massa a Inglaterra, deram um "up grade" no futebol do país, mas a seleção do país não evoluiu junto. Por exemplo, quem é o craque do Manchester (e do mundo), que citei anteriormente, é o português Cristiano Ronaldo, já no Arsenal o cérebro do time é o espanhol Fábregas, apenas o Liverpool que é o mais inlgês de todos, e tem como principal jogador um inglês que é Steve Gerrard.
O futebol inglês hoje está mais para Toyotismo do que para Fordismo. Os times são extremamente obedientes taticamente, mas a liberdade para os habilidosos aumentou. Talvez se refizesse o texto de 2003, ilustraria o Fordismo através do futebol italiano, que está ficando cada vez mais chato de se assistir, com muita marcação, muita força e muita amarração no meio-de-campo.
*****
P.S: Não posso deixar de falar do jogaço Liverpool x Arsenal que (fiz de tudo e consegui) assistir hoje. O Arsenal começou ganhando, mas tomou a virada. Aos 40 minutos do segundo tempo, jovem e talentoso inglês Walcott fez uma jogada espetacular e deu o passe para Adebayor empatar o jogo, que garantia o time na semifinal da Liga dos Campeões. Mas aos 42, Babel sofreu pênalti a favor do Liverpool, e Gerrard, o Noel Gallagher do futebol (alguma coisa me faz achar que o Gerrard parece com o Noel), bateu e fez o 3º gol botando os Reds novamente na semi. E o mesmo Babel que sofreu o pênalti, matou a partida fazendo o 4º gol. O placar Liverpool 4 x 2 Arsenal parece um goleada, mas não traduz nada do que foi o eletrizante jogo.

3 comentários:

Vinicius Grissi disse...

O futebol inglês hoje cresceu graças à entrada de outros mercados. Antes, era raro jogadores "não-europeus" no futebol do país. Com a chegada de argentinos, brasileiros, entre outros, a bola por lá melhorou. É um jogo muito corrido, mas com muita liberdade.

Anônimo disse...

Gostei das comparações,Leandro. REalmente tem tudo a ver.

Abração!!

Loba disse...

Não entendo assim de futebol pra dar opinião. Mas de uma coisa eu entendo: vc escreve tão gostoso que li a crônica inteira mesmo em se tratando de um tema que não gosto muito! rs
beijocas