sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O dia em que Salvador virou São Paulo

Dia 28 de fevereiro de 2008, 21:00. Relâmpagos caem com frequência e os trovões estouram com toda força e o vento começa ficar forte, o que é uma boa, já todos os dias está fazendo muito calor. Às 21:21 começa uma forte chuva em Salvador. Estou no computador, como a maioria das noites durante a semana de trabalho. Não dou grande importância para chuva que só faz aumentar.
Inicalmente estava tudo tranquilo, a chuva caía, estava ventando bem. Os relâmpagos continuavam cortando os céus seguido dos trovões. Conversa vai conversa vem, gente saindo do msn, gente entrando, gente caindo de repente e sem aviso prévio... Enquanto que na tv Duas Caras terminava e o Big Brother começa. E a chuva não parava nem diminuia, continuava forte, muito forte.
Os minutos vão passando, as horas vão passando, o msn que antes bombava começava ter menos gente. Big Brother chegou ao fim, Rafinha ganhava a prova líder. E a chuva continuava forte.
Começa Queridos Amigos. Durante o intervalo da segunda parte, vou fechar a janela, preparar o terreno para dormir e como dia de quinta a diarista arruma a casa inteira, tenho que arrumar a minha cama (que fica "arrumada" para eu dormir a semana inteira, com excessão também de segunda, pelo mesmo motivo de quinta). Quando chego na janela do meu quarto me deparo com um cenário que só vejo na televisão. Por uns instantes penso que estou em São Paulo. A rua que fica em frente a janela do meu quarto estava toda alagada, não existia mais calçada, a água já invadia a portaria dos prédios e um monte de carros parados ao redor da pracinha que não estava alagado. Eram pessoas que chegavam da faculdade, do trabalho e não conseguiram atravessar a lagoa para chegarem em suas casas.
Um pouco mais de meia-noite a chuva começa a ficar fraca, mas nada de parar. Vou dormir, para mim o dia acaba na segurança do meu lar em quanto do lado de fora, as pessoas esperam a água escoar ou vão procurar outras casas para dormir.
De manhã abro a janela para ver como ficou a rua. Toda suja, cheia de lama e... um carro virado!!! Não de cabeça para baixo e as quatro rodas para cima, mas de lado. Na televisão, o jornal local mostra os saldos do dilúvio. Um cara num utilitário importado quis tirar uma onda com a mulher e inventou de passar pelo alagamento que só os ônibus estavam conseguindo. O resultado foi carro parado no meio da travessia e o casal desfilando com água na cintura. Um carro foi arrastado pela correnteza e desapareceu no mundo de água. Foi parar dentro do rio em plena avenida ACM (como um nome desse... é uma das principais daqui).
Segundo a loirinha gata do Jornal Hoje que dá a previsão do tempo, ontem de noite foi chuva para mais de um mês aqui. E a previsão é que o tempo continue ruim. Agora são 21:23 e nem uma gota caiu do céu, nem um relâmpago deu as caras e nem um trovão rompeu o silêncio da noite.

2 comentários:

Vinicius Grissi disse...

História muito bem contada. Como sempre. Parabéns!

Loba disse...

parece que el niño continua nos surpreendendo, né? aqui, aí e em outros cantos desta terra que a gente maltrata! rs...
beijão