domingo, 20 de janeiro de 2008

Cada um com seus problemas

Trabalhar no vestibular é ganhar dinheiro para não fazer quase nada. A grana é boa já que o trabalho é de apenas 4 ou 5 horas no dia. Não é salário, mas sim um extra ou melhor, um bico. Como tenho moral posso escolher a minha função e como sou tímido escolho ficar no correfor, apenas guiando os vestibulandos ao banheiro ou ao bebedouro.

Depois que todos entram nas salas começa o tédio. Como sempre, procuro páginas em branco no manual, levo uma caneta e faço o meu passatempo favorito que é escrever. Meus "passeios" pelo colégio só começam às 9 horas. Antes disso, fico sentado, viajando sobre o que escrever.

Minhas observações não serão sobre as vestibulandas que eu vi. Não será sobre a olho verde linda, nem a de cabelão preto dona de uma beleza simples sem necessidade de muita maquiagem ou roupas muito fashion ou para a que transmitia uma paz, tranquilidade e de rosto angelical, muito menos para as que já tem uma carinha que exprime o gosto pelo melhor esporte do mundo.

Tenho que chegar no colégio às 06:30 da manhã. E como minha pontualidade para essas coisas é inglesa, saí de casa quinze minutos antes. No trajeto vi gente voltando para casa. Pois é, enquanto uns saem para trabalhar, outros estão voltando para casa depois do reggae (balada). Enquanto que eu estou de cara e já praticamente despertado dirigindo a caminho do trabalho, vejo um Stilo atravessado no meio da avenida sobre uns pedaços de carro, os ocupantes sentados no passeio e uma mulher em pé ao lado do policial explicando o acidente. Mais para frente já em uma rua residencial, um Palio subiu na rotatória (construida de cimento há menos de 2 meses), estourou um pneu e se o cara (que estava em pé olhando para a merda que ele fez e coçando a cabeça) for azarado é bem capaz do eixo ter empenado.

Enquanto que para mim eram 06:20 da manhã de domingo, para outros eram 06:20 da manhã da noite de sábado. O dia estava apenas começando tranquilo para mim e para os outros ele estava acabando de forma trágica. Interrompi o meu sonho com o alarme do celular às 05 horas. E os que colidiram o carro, o pesadelo começava antes mesmo de irem para cama.



*****


"Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o confronto, procure as janelas. Lembre-se da sabedoria da água: ela nunca discute com seus obstáculos, mas os contorna".


Albert Einstein

Um comentário:

Vinicius Grissi disse...

Cenas normais em todas as capitais do país, nas manhãs de domingo. Infelizmente.