terça-feira, 15 de março de 2011

A bucha do trambulador

Li hoje no blog de Flávio Gomes, jornalista especializado em automobilismo, que no dia 15 de março de 1981, Ayrton Senna conquistava sua primeira vitória na Europa, com um F-Ford. A primeira vitória de muitas outras que vieram pela frente, dentre as quais renderam 3 títulos mundiais de Fórmula 1 para o brasileiro.

Não vou falar da carreira de Senna em geral, mas destaco uma vitória histórica e importante, o primeiro lugar no GP do Brasil de 91. Senna nunca havia vencido no Brasil, apesar de já ter dois títulos mundiais no currículo. Além disso, a equipe Williams dava sinais de evolução, que foi confirmada nos anos seguintes (92, 93, 94, 96 e 97) em que dominou o circo, sendo que os carros de 92 e 93 são considerados como de outro mundo.

Senna fez a pole, saiu em primeiro lugar, porém não teve vida fácil. O brasileiro teve Nigel Mansell, com uma Williams, aparecendo no retrovisor até a 60ª volta, quando o inglês rodou e abandonou a prova. A vantagem de Ayrton em relação ao novo segundo colocado Ricardo Patrese, que também pilotava uma Williams, era de 40 segundos. Mas 40 segundos é uma eternidade, não? Sim, é uma eternidade, mas não quando você começa a ter problemas no câmbio e vai vendo suas marchas quebrarem, entrando apenas a 6ª quando ainda faltam 7, intermináveis, voltas. A vantagem que antes era de 40s, caiu para 5s a 2 voltas do fim. E com requintes de crueldade, a chuva começou a cair, deixando a pista escorregadia. Com muito sangue, suor e lágrimas, Senna conseguiu manteve-se na primeira posição até receber a bandeira quadriculada. Essa é aquela famosa vitória que Senna quase não conseguiu erguer o troféu de tão exausto que estava quando terminou a corrida.

Lembrei dessa vitória de Ayrton, porque passei por algo parecido na última sexta-feira, em que tive que sair do Costa Azul para a Ladeira da Barra e de lá pro Aeroporto, pra depois voltar para a Pituba (que fica a poucos kilômetros do Costa Azul). Esse itinerário seria tranqüilo se todas as marchas estivessem engatando, porém nesse dia meu câmbio quebrou e só entrava a 5ª marcha. Na ida, tive que estacionar o carro, então embiquei-o na ladeira pra soltar o freio e deixar pegar embalo pra começar a acelerar. De lá até o Aeroporto foi tranqüilo, as 6h da manhã a avenida Paralela quase não tem trânsito, é linha reta até bater no Aeroporto. A volta foi que complicou, 7h da manhã a cidade já está em pé e engarrafada. Já é chato ficar só na 1ª e 2ª marchas por 20, 30 minutos, agora imagine ficar esse tempo só com a 5ª marcha, tendo que fazer o motor girar o suficiente para fazer o carro andar? Entrei no carro já com as pernas bambas, quando cheguei em casa mal podia senti-las, mas assim como Senna, também pude celebrar minha vitória.

Ah, o problema do câmbio do meu carro foi a bucha do trambulador. Mas já troquei.

3 comentários:

Maria Olívia disse...

Que bom tê-lo de volta. Não é fácil ter apenas uma marcha funcionando no carro. E aquela vitória do Senna foi emocionante. Um abraço

Loba disse...

Garoto, qto tempo! Que bom te ler novamente.
A descrição desta corrida do Senna me trouxe tantas boas lembranças - inclusive da própria carreira dele, um esportista que uniu o Brasil como só o futebol consegue fazer.
Mas falando de marchas... bom, mulheres não têm boa fama ao volante, mas na maioria das vezes é implcância masculina. Entretanto, neste caso específico, tem que ter competência e coragem pra contar com apenas uma marcha.
Eu chamaria meu mecânico. Sem nem pensar!!! rs...
Beijocas
PS. me lembrei de uma das minhas aventuras numa rodovia aqui de Minas. Talvez eu copie sua idéia e a conte!

Miguel disse...

Leandro, lembrou-me um fato que ocorreu comigo, extremamente preocupante pois não tinha como parar e recorrer a alguém. Viajávamos eu e a mulher para Ilha Bela, litoral norte de SP, qdo no início da descida da serra, obedecendo a uma placa que dizia para testar os freios e reduzir para uma marcha mais baixa, os freios estavam ótimos, porém apavorado descobri que estava sem o câmbio. Imagina só, em plena descida, meu carro era um pesadíssimo Maverick, motor Canadense de 8 cilindros, e o bicho começou a descer a serra na toda. Enquanto isso minha mulher observou e perguntou porque eu mexia constantemente no câmbio, e respondi que não era nada, esperimentava o câmbio apenas, imagino se falo a verdade, o terror que iria acontecer. Conclusão, toda vez que acionava a embreagem para ver se conseguia reduzir a marcha, percebi que o carro dava uma deslanchada, aí concluí, o danado está engatado na quarta marcha. Cara, foi um sufoco, pois tive que segurar o carro no freio, pesado do jeito que era meu temor era que o freio não suportasse e explodisse, aí não sei qual seria a consequência, o que imaginei se acontecesse isso a única alternativa seria jogar o carro contra uma encosta e pará-lo. Mas felizmente descemos a serra, lá embaixo falei pra mulher, imagina só a crise de choro, ela ficou histérica. Encostei o carro numa mecânica imaginando o pior, o mecânico saiu de debaixo do carro e me disse - Tá pronto doutor. Perguntei - Já, o câmbio não quebrou? - Não doutor, era só o "trambulador" que escapou. Tua história lembrou esse fato. Ah, o mecânico não queria cobrar nada, dei uma graninha pra ele..hehe. Abração meu caro, logo mais voltaremos.