Vi duas das várias (que devem ter tido) matérias do Fantástico sobre Michael Jackson, uma não interessa e a outra me chamou muito a atenção . Não queria mais tocar nesse assunto, mas não resisti. É muita mídia em cima e já virou moda dar pitacos sobre a vida e morte do astro-rei do pop. O mundo inteiro só fala e discute isso, é na praia, no boteco, na igreja, no supermercado, só não na Coréia do Norte porque os caras estão ocupados testando mísseis.
A matéria que me chamou atenção falava sobre a apresentação dos Jackson 5 na TV Tupi (se não me falha a memória...). Dois caras que fizeram o meio-de-campo para a banda se apresentar na TV, foram chamados para contar essa história. Um deles destacou que a banda era muitíssimo bem ensaiada e insinuou que o rei do pop chegou onde chegou por causa da disciplina e do rigor dos ensaios. Pois é, o cara levantou a hipótese, em pleno Fantástico, para milhões de brasileiros aqui e no mundo afora, para a família brasileira que assistia, de que Michael Jackson devia ter agradecido todo o sucesso, fama e dinheiro ao pai (tirano).
Antes de mais nada só quero lembrar que a minha intenção não é destruir o ídolo, muito menos questionar o seu verdadeiro talento, também gostei dele na infância. Mas o sucesso da música de MJ é basicamente ensaios atrás de ensaios para se chegar a uma coreografia perfeita e surpreendente, sem contar com as roupas extravagantes (e originais). Esse pop que ele fazia é dança, coreografia, cenário, efeitos especiais, luzes, faíscas. O resto o computador corrige... E é claro que se tem que cantar um pouquinho.
Todo mundo joga pedra em Mr. Jackson tal como em Gení, mas se o patriarca da família não tivesse posto o pequeno Michael por 10, 12 horas ensaiando canto e os passos de dança direto, sem parar, ele teria se tornado Michael Jackson? Será que se o pequeno Michael tivesse tido uma infância de verdade e faltado alguns (vários) ensaios para jogar gude e soltar pipa, contando a mentirinha de que comeu um cachorro-quente na rua e ficou com dor de barriga a noite toda, e o Mr. Jackson tivesse passado a mão na cabeça dele dizendo “coitadinho, deixa ele brincar, é criança”, teria vendido, alguns anos mais tarde, 105 milhões de cópias só do álbum Thriller? Talvez sim, talvez não. Ninguém pode afirmar isso. Se o pequeno Michael não tivesse emplacado na música, não teríamos visto, curtido, adorado e idolatrado o Michael Jackson que conhecemos, porque ele não teria existido. Talvez fosse apenas uma Mariah Carey da vida ou uma instável Britney Spears ou uma Janet Jackson, enfim, seria o Robinho da música pop e não o Pelé.
Não podemos afirmar nada com relação a isso, o que foi feito já foi feito e o que aconteceu já aconteceu. Como não podemos voltar no tempo, já que Doc Brown guardou a sua grande invenção apenas pra si, sem divulgá-la na comunidade científica e sem ser contaminado pelo capitalismo para botar na esteira de produção e ficar multimilionário, só podemos brincar de imaginar e perguntar qual dos dois você preferia sacrificar: o Michael guri (que se tornou o que o mundo conheceu) ou o Michael Jackson astro do pop (assim ele não teria existido do jeito que conhecemos)? Quero sua resposta!